Diante do cenário de incerteza acerca da Campanha de vacinação antirrábica 2010, na qual centenas de animais vieram a óbito após receberem a dose da vacina Brasil afora recebi esta mensagem por e-mail e achei muito importante divulga-la. Conheço Mirian pessoalmente e reconheço sua extrema força de vontade para ajudar os amigos peludos.
Me respondam se estou agindo com o coração ou com a razão?
No meu entender enquanto “cientista”, reconheço o avanço desta e não consigo entender como em pleno século XXI, após diversos animais infelizmente servirem de cobaias para testar medicamentos, ainda assim existe uma “estimativa prevista” ou uma quantificação “dentro do previsto” que “justifica” o número de animais que vão a óbito após uma campanha de vacinação. Olho para minha Bonança, Miudinha, Xan Xan Ninho, Miucha, Astro, Fellini e outros peludos da minha vida e me pergunto se me sentiria honrada por saber que meus animais prestariam um serviço a humanidade, submetendo-os a uma campanha cujos lotes da vacina poderiam ou não está comprometido, mas em nome da ciência e dos erros cometidos por quem compra e quem vende, deveria ainda assim colocá-los em risco. Isso me faz lembrar a situação da “roleta russa”, a bala pode sair ou não em direção a quem está na mira.
A ordem deveria ser “ADIAR” até a conclusão das investigações dos fatos, fatos são evidências, números, registros, etc. Que imperativo é esse em pleno contexto democrático? O ministério da Saúde tem a máquina, os meios de comunicação, que mesmo após entrevistar veterinários, população com depoimentos comoventes, ao final enfatiza que as pessoas levem seus animais para vacinar. Aqui em Sergipe a campanha estava prevista para iniciar dia 13 de setembro, ontem (09) fomos surpreendidos e descobrimos (porque fomos averiguar uma informação) que dia 08 iniciaram o processo em dois povoados, fomos lá, local carente, desprovido de infraestrutura básica, os animais brincavam nas ruas esburacadas, valas abertas, felizes, inocentes, tal qual seus guardiões. Comentamos entre nós se aqueles locais não estariam servindo de cobaia para a decisão final até segunda-feira, do contrário porque a antecipação? Deixamos vários contatos lá e voltaremos para averiguar se houve algum problema com os animais, porque num lugar como aquele a população não vai ao CCZ (que fica bem distante) ou a qualquer outro órgão notificar reações adversas ou óbitos.
Sabem de uma coisa? Estamos torcendo que não aconteça nada de anormal em Sergipe, que os lotes aqui estejam “perfeitos”, que riam mesmo de todo nosso esforço e desgaste físico e mental para evitar o pior, porque trabalhamos com prevenção. Mesmo assim, ao final de tudo vamos dormir com aquele sorriso bobo e toda vez que cruzarmos com um peludo anônimo, vamos pensar, “é isso aí, fizemos tudo que estava ao nosso alcance, e toda vez que for preciso não vamos decepcionar vocês”, afinal devo honrar o título de protetor animal, emprestar minha voz e colocar a disposição nossos talentos.
Gostaria de lembrar aos companheiros e companheiras uma palavra que está levemente esquecida nesse contexto mundial, “desobediência civil”. Veja nosso caso, tentamos de tudo para manter o diálogo com as instâncias do poder de nosso estado, tudo poderia ter sido resolvido de forma diplomática e ética, adiar a campanha não requeria maiores alardes, mas os representantes do poder instituído quebraram esse processo ao deflagrar a campanha antes do previsto, “eles” insistem em se basear em apenas uma fonte de informação e negligenciar os fatos, por isso a partir de hoje estamos tentando ocupar todos os meios de comunicação possíveis, a população tem que saber o que está acontecendo, se o animal não pode decidir por ele mesmo, cabe então ao seu guardião fazer isso, mas de forma esclarecida. Se não fosse a desobediência civil não existiriam muitas conquistas mundiais, a democracia, liberdade de expressão, eleições diretas. Para finalizar, transcrevo para todos nós uma provocação de Freire, para não banalizarmos as violências do cotidiano e corrermos o risco de trocarmos a ação pela imobilização. Ainda acredito na nossa força para transformarmos esse mundo em algo cada vez melhor para os animais humanos e não humanos!
Mirian Guedes - ONG Amigos dos Animais (SE)
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